domingo, 26 de novembro de 2017

Ciência da Crítica Textual do Novo Testamento Grego (Parte 1)



INTRODUÇÃO

Olá, primeiramente quero agradecer por estar visitando o meu blog. Essa é a segunda matéria que estou divulgando ao público (O assunto sobre a cruz já foi exposto). Venho estudando seriamente os assuntos em relação a bíblia já por 3 anos e meio, e tenho muito o que aprender ainda.
Porém, quero compartilhar com vocês alguns destes estudos já abrangidos por mim que talvez também poderá ser de proveito para você leitor.
Eu chamo este estudo, de “estudo técnico” onde não visa questionar propriamente os dogmas e crenças das religiões cristãs, mas sim expor de maneira científica e erudita as mais avançadas pesquisas tanto de ordem protestante e evangélica, como a católica, na área dos manuscritos bíblicos.

Vou expor alguns fatos, e fazer algumas questões:
- Todas as bíblias são iguais? Se respondeu que sim, veja essas informações:
Existem mais de 5.500 cópias de manuscritos gregos do novo testamento. Nenhuma cópia é igual a outra. Não existem mais os autógrafos originais dos escritores bíblicos. Em qual ou quais manuscritos a sua bíblia é baseada? Não sabe?
Você pode afirmar que a sua bíblia é totalmente confiável?
Porque as bíblias Católicas possuem 73 livros, e as bíblias “Evangélicas” possuem 66 livros? Porque existem versículos e palavras acrescentadas ou retiradas? Porque existem passagens inteiras acrescentadas ou retiradas?

Vamos recorrer o que a própria bíblia diz sobre a autenticidade das escrituras:
- Apocalipse 22:18 e 19 na Bíblia de Jerusalém diz: “A todo o que ouve as palavras da profecia deste livro eu declaro: Se alguém lhes fizer algum acréscimo, Deus lhe acrescentará as pragas descritas neste livro. E se alguém tirar algo das palavras do livro desta profecia, Deus lhe tirará também a sua parte da árvore da Vida e da Cidade Santa, que estão descritas neste livro!”.
- No Antigo Testamento também temos uma declaração em Deuteronômio 4:2 na Bíblia NVI – Nova Versão Internacional diz: “Nada acrescentem as palavras que eu lhes ordeno e delas nada retirem, mas obedeçam aos mandamentos do Senhor, o seu Deus, que eu lhes ordeno”.

O que é “nada”? “Nada” é nada! Pois até uma vírgula ou qualquer pontuação pode alterar o sentido correto! Vou apontar apenas algumas dezenas destas adulterações, e mostrar que apesar que haja esse fato, a bíblia é sim um livro confiável, e romper o descaso de muitas pessoas que apelam ao argumento de que não importa se há erros, mas a sinceridade de seus corações! Deus se importa com aqueles que o seriamente o buscam, que fazem os maiores esforços para adorá-lo da maneira correta e exata, senão, não deixaria as declarações acima no livro do Apocalipse e Deuteronômio sobre adulterações! Em outras palavras, esse estudo serve para aqueles que estimam a busca pela a plena verdade.
Minha pesquisa abrangerá os chamados livros apócrifos. Mas o principal enfoque, será na Crítica Textual do Novo Testamento.

Basearei o estudo nos mais respeitáveis eruditos do mundo e do Brasil, e usarei tais fontes:

- O Texto do Novo Testamento de Kurt Aland e Barbara Aland
- Origem e Transmissão do Text do Novo Testamento de Wilson Paroschi
- Crítica Textual do Novo Testamento de Wilson Paroschi -  Doutor em Teologia
- O Novo Testamento Interpretado Versículo por Versículo de Russell Norman Champlin - Doutorado em filosofia em línguas clássicas na Universidade de Utah, professor universitário atuando na UNESP por 30 anos.
- Variantes Textuais do Novo Testamento de Roger L. Omanson – Professor do Seminário Teológico de Louisville.
- O Novo Testamento Grego 4° edição atualizada de Barbara Aland, Kurt Aland, Johannes Karavidopoulos, Carlo M. Martini (cardeal e arcebispo emérito de Milão, doutorado em Teologia) e Bruce M. Metzger.
- Qual o texto original do Novo Testamento de Wilbur Norman Pickering - Mestrado em Teologia pelo Seminário Teológico de Dallas (EUA), mestrado e doutorado em lingüística pela Universidade de Toronto (Canadá).
- Novo Testamento Interlinear AnalíticoTexto Majoritário com Aparato Crítico de Zane C. Hodges e Arthur Farstad.
- O Texto Bizantino na Tradição Manuscrita no Novo Testamento Grego de Paulo Benício – Doutor em Letras na Univerdade Federal de Minas Gerais, Mestre em Teologia pela Pontifica Universidade Católica do Rio de Janeiro e Mestre em Teologia pela STH, Basiléia, Suiça.
- Usarei como apoio, aproximadamente 40 traduções da Bíblia e outras obras que serão especificadas ao longo da matéria.

Muito bem, visto que esse assunto é um tanto dificultoso, vou poupar os leitores da linguagem técnica o máximo possível, e tentar explicar de uma maneira simples e de fácil compreensão para que todos possam tirar proveito.

NOÇÕES BÁSICAS

Primeiramente você leitor tem que saber a diferença entre os manuscritos usados em sua bíblia e a tradução. Digo isso pois existem “adulterações” nos dois casos, e as pessoas confundem isso. Vou dar um exemplo de adulteração de manuscrito:
- A Bíblia A foi baseada no manuscrito Sinaítico.
- A Bíblia B foi baseada no manuscrito Bizantino.
Porém apesar de os dois manuscritos serem em grego, eles são diferentes um do outro. Logicamente a Bíblia A é diferente de Bíblia B.
O manuscrito Sinaítico por exemplo, não possui Marcos 16:9-20. Nesse capítulo 16, só vai até o versículo 8.
Já o manuscrito Bizantino, possui os versículos de 9-20.
Nesse caso, houve um acréscimo ou uma omissão? Qual manuscrito é confiável?
Esse é um problema no conteúdo dos manuscritos, o que confirma uma adulteração. A Ciência da Crítica Textual estuda qual é o conteúdo que deve estar presente na bíblia.

Já as adulterações das traduções, mesmo que haja a mesma palavra grega em ambas as bíblias, tem que se recorrer a gramática grega para definirmos o significado correto para a nossa língua, e infelizmente muitos tradutores se baseiam em suas próprias interpretações e tradições tanto no significado como na pontuação gramatical.
Portanto, tem dois tipos de adulterações, que é a do conteúdo  e a gramatical.

Na questão de livros, os chamados “apócrifos”, também se encaixam na questão de conteúdo.
Será que o conteúdo destes livros são inspirados por Deus e fazem parte do canon original?
Investigando esses tipos de adulterações, torna essencial definirmos qual tradução devemos ler, estudar e basear nossas crenças.

O QUE É A CIÊNCIA DA CRÍTICA TEXTUAL?

É o estudo dos textos antigos (não só bíblicos) que procura restabelecer o texto original ou os “autógrafos” assim como estes apresentavam antes de copistas introduzirem alterações e erros durante esses processos de cópia. É uma avaliação da evidência a favor do texto original.
O objetivo é examinar criticamente a tradição manuscrita, avaliar as variantes (diferentes formas escritas no mesmo texto) e reconstruir o texto que possua a maior soma de probabilidades de ser o original. Essa elaboração é chamado de “Texto Padrão” ou “Texto Crítico”.
Resumindo...como não existe mais os escritos originais do Novo Testamento, as cópias são analisadas através de vários métodos para se aproximar ao máximo do que era o original.

Apesar dessa ciência analisar as cópias dos manuscritos, o “Texto Padrão” (bíblico),  exerce a maior influência dos manuscritos Alexandrinos (Egípcios) que são os Códices Vaticano 1209  e o Sinaítico, além dos Papiros Chester Beatty e Bodmer, por se tratarem de ser os manuscritos mais antigos já encontrados, ou seja, estão mais próximos dos originais.

Só para cargo de informação, as cópias do Novo Testamento é mais confiável do que muitos textos da antiguidade como: os de Eurípedes, Sófocles, Ésquilo, Tucídides, Platão, Catulo, Lucrécio, Terêncio, Lívio, Virgílio e Homero. É superior tanto em datação como em número de documentos. Gosto de evidenciar esses dados pois tais escritos não são colocados em dúvidas nas áreas acadêmicas como História, Filosofia, Letras e outros, assim como a bíblia é.
Veja abaixo o gráfico:

A cópia mais antiga que existe de Eurípedes foi escrita 1.600 anos depois da morte do poeta. Quanto a Platão, o intervalo não é muito menor: encontra-se ao redor dos 1.300 anos!

RESUMO HISTÓRICO

As cópias a mão, foram realizadas por um período de quase 1.500 anos. É compreensível os erros involuntários. Só com a chegada da técnica da imprensa nos séculos XV e XVI, é que esses problemas foram solucionados.
A Bíblia Católica foi baseada nos manuscritos da Vulgata Latina por séculos, e não nos manuscritos da língua original – o Grego (Apesar que hoje em dia, as Bíblias Católicas serem baseadas em sua grande maioria pelo Texto Padrão Grego).
Mas o que nos interessa mesmo, é o que Erasmo de Roterdã acabou produzindo em 1516, o primeiro Novo Testamento Grego que chegou ao domínio público. Essa é conhecida como a bíblia da reforma, ou seja, dos protestantes e evangélicos.
Em 1519, Erasmo lançou a 2° edição com algumas correções em relação a 1° edição.
Essa 2° edição foi a base da tradução alemã de Martinho Lutero (1522) e da tradução em inglês de William Tyndale (1525).
QUAIS MANUSCRITOS ERASMO USOU?

Na maioria de sua edição, usou apenas dois manuscritos, o 2e e o 2ap, ambos do século XII, e para fazer as correções, usou outros três manuscritos, sendo que o mais antigo é também do século XII. Para o livro do Apocalipse, usou o 1r, também do século XII. Para suprir a falta de algumas partes, e escritas ilegíveis, utilizou a Vulgata Latina. A edição de Erasmo se trata de um texto mesclado, e os manuscritos gregos utilizados são do tipo Bizantinos, inferiores e nada antigos, ou seja, o “refugo” dos manuscritos Bizantinos!
Nos anos seguintes muitos outros editores publicaram uma variedade de edições do Novo Testamento em grego, influenciados pela edição de Erasmo e até usando um maior número de manuscritos, porém todos Bizantinos, inferiores e tardios. Foi aí que surgiu o Textus Receptus (1611), que serviu de base para a tradução da King James e mais tarde para a Bíblia Almeida.
Podemos observar que a Bíblia da reforma, ou seja, as Bíblias dos protestantes e evangélicos em geral, são baseados num único tipo de texto, os manuscritos Bizantinos tardios e inferiores.
Um argumento forte para invalidar o uso destas bíblias, é que o Textus Receptus, como já citado, é o refugo dos manuscritos Bizantinos, os manuscritos mais adulterados e corrompidos, que se distancia em 1500 diferenças dos melhores e mais antigos manuscritos Bizantinos.

Infelizmente 60% dos evangélicos e protestantes do Brasil, preferem as bíblias que são baseadas no Textus Receptus, como a Almeida Revista e Corrigida e a Almeida Corrigida Fiel.
Ainda mais que as bíblias oficiais de diversas denominações e de estudos, são essas citadas acima, perdurando muitos erros doutrinários, leituras e meditações em bíblias adulteradas!
Vejamos o que diz o prefácio da Bíblia de Estudo Apologia Cristã da CPAD: “A tradução de João Ferreira de Almeida, na sua Edição Revista e Corrigida (ARC), é o texto oficialmente adotado por diversas Igrejas Cristãs do Brasil”.

 A Bíblia Almeida Revista e Corrigida, também flerta com o Texto Padrão, fazendo dela um texto mais do que mesclado! É interessante alguns evengélicos que usam tal bíblia, criticarem as Bíblias baseadas no Texto Padrão. É uma pura contradição!!!
Já a Almeida Corrigida Fiel é fiel as Textus Receptus!

Espero que todos possam tirar proveito desse estudo!!!
Apologista do Tira Teima Bíblico

Parte Posterior 2
http://tirateimabiblico.blogspot.com.br/2017/11/ciencia-da-critica-textual-do-novo_29.html